Era delicioso recortar corações, a cada dia ficavam mais perfeitos. Não era mais necessário dobrar a folha ao meio para que ficassem simétricos. Era praticamente um talento inato.
Passava as tardes com a tesoura na mão. Criava corações de todos os tipos e tamanhos; de papel, tecido, plástico. Já havia tantos, tão lindos, que planejava vendê-los em escala industrial.
Quanto mais famosos ficavam, mais tempo passava em casa recortando. Era a sua realização como pessoa.
Ao acordar um dia, olhou pela janela e viu uma pipa contrastando com o céu azul. Era simples, um pouco mal feita. Mas voava!
Se levantou e jogou os corações no lixo. Foi inevitável.Marcadores: era uma vez...