Quando se sentia solitária, a moça recorria a seu passado. Não era recheado de aventuras ou histórias que merecessem ser contadas, mas havia pessoas nele. Não muitas; pessoas de carne e osso com suas qualidades e defeitos notáveis, que não tinham necessidade de serem inventadas e inseridas em historietas. Eram reais demais para isso.
Caminhava por sua infância, pelos lugares que seu pensamento julgou dignos de tirar fotografias imaginárias. Cheiros que pareciam flutuar no ar. Lembrou-se das mãos de um moço, lindíssimas. Sem dúvida, as mais belas que já viu e tocou. O moço? Bem, o moço…
Migrou para outra lembrança. Letras redondas e palavras ternas. Havia tanto tempo! Não era mais capaz de recordar as frases, mas a sensação de bem estar que traziam continuava ali, intacta. Como se estivesse ao seu lado, observando silenciosamente.
Sorriu com o canto da boca.Marcadores: era uma vez...