Um dos seus grandes passatempos era fazer planos. Planos de qualquer espécie: grandes, pequenos, ambiciosos, singelos. O importante era planejar seu futuro. Onde poderia morar daqui a alguns anos, como seria a decoração do seu apartamento, o nome que o seu bicho de estimação teria, a cor dos azulejos da cozinha, o tipo de namorada ideal.
Ansiava para que o seu dia chegasse. Sentia que havia algo esperando por ele lá na frente. O receberia de braços abertos e então a vida seria plena, se sentiria completo e livre. Poderia realizar seus planos, todos dariam certo. Teria prazer em dar “bom dia” às pessoas e aos seus inúmeros amigos, já que realmente seriam bons dias. Não importaria se o céu fosse azul ou cinza, tudo lhe sorriria e seria simples. Porque estaria disposto a tudo. Bem disposto e satisfeito.
Olhou à sua volta e notou que tudo estava fora do lugar. Era preciso dar um jeito na casa. Retornar algumas poucas ligações de gente que ainda se lembrava dele. Consertar algumas roupas esburacadas. Fazer comida (fome, fome, fome!). Praguejou. Desanimou.
Voltou a planejar.Marcadores: era uma vez...