domingo, 20 de maio de 2007
#8: tudo bem?
- Gláucia! Ô Gláucia! Menina, séculos que não te vejo! - Oi, Ludmila! Tudo bem?
Há quanto tempo não me perguntam isso? Não sei. Na verdade ela não quer saber realmente como estou, é apenas uma formalidade. Eu vi, ela fixou o olhar na minha barriga, deve estar mais preocupada em saber por que engordei tanto desde a última vez que nos encontramos. Se está tudo bem? É, deve estar. Considerando que tudo estar bem é sinônimo de não haver nada errado, é, está tudo bem. Mas minha vida anda tropeçando e espasmódica, sem nada de mais. Nem de menos. Continua como sempre, sem nenhuma pitada de pó de pirlimpimpim. Ou macumba. Macumba é um troço que me assusta, vai que pega? Tenho medo de pragas também, especialmente aquelas de mãe. Uma vez minha mãe não queria que saísse à noite e disse que iria chover. O dia estava lindo, mas na hora de sair começou uma tempestade que devastou a cidade inteira. Saí mesmo assim (sou muito teimosa) e a noite foi horrível: peguei meu namorado com outra. Mas agora não tenho ninguém, não preciso me preocupar com esse tipo de surpresa desagradável. E olha só pra ela! Está tão magra e com ar requintado, deve ter contratado uma personal stylist, só pode. Ou casado com um homem rico. Ahahaha, mas isso é impossível! Não a Gláucia. Com um nome desses não há como conquistar alguém rico. Bem, pelo menos ela não se chama, hum, Sarah Sheeva ou algo assim. E, nossa, adorei os brincos dela! Quero uns iguais. Devem ser falsos.
- Tudo bem, amiga. E com você? Como você está? - Ai, você nem sabe! Acredita que dia desses eu ... blablablá? Foi incrível!
Tá, eu não queria saber disso. Pior: não precisava saber disso. Onde foi parar a formalidade? Esse mundo tá perdido mesmo. Marido rico é uma ova.Marcadores: era uma vez...
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