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sábado, 19 de maio de 2007
... and all that jazz
Desde criança acho o jazz um gênero muito elegante. Ouvia com meu pai alguns vinis e tudo me soava muito admirável, sempre me remetia a bares chiques à meia luz com algumas pessoas bem vestidas e fumantes. Mas, ironia: nunca consegui gostar. Alguns sons mais frenéticos me cansavam e outros chegavam até a me irritar. Preferia um quatrilhão de vezes ouvir meu vinil dos Saltimbancos ou Elis, Chico, música clássica (especialmente as valsas, tão lindas), Beatles, Elvis, Xuxa e Turma da Mônica.

Pausa: não estou tentando soar esnobe com essas referências. Acontecia o que era perfeitamente natural: ouvia o que meu pais ouviam, e me sinto privilegiada por isso e por ter gostado. Se você cresceu ouvindo, sei lá, Tonico e Tinoco, não é mérito ou demérito algum, apenas diferenças de gostos e cultura familiares. Só, por favor, me prometa que vai proteger os seus filhos do lixo musical que surgiu nesse último par de décadas. Valeo, manô. Voltamos com a programação normal.

O tempo passou e tive épocas de gosto musical muito duvidoso, assim como todo mundo (de pagode lá-vem-o-negão a Corona - tempos difíceis). Subi bastante o nível e me apaixonei pelo rock alternativo.

E aí, há coisa de 6 anos, o ex me disse que tinha baixado boa parte da discografia do Frank Sinatra. Lembro que dei uma puta gargalhada e pensei "Frank Sinatra?!?! Frank Sinatra!?! Isso é coisa de velho, troço mais ridículo!". Ai, adolescentes... Preciso dizer que engoli suavemente cada palavra pouco tempo depois? Old Blue Eyes que me perdoe a grosseria, mas é DO CARALHO. Descobri que Frank Sinatra, Nina Simone, Ella Fitzgerald, Nat King Cole e Tony Bennett são formidáveis. Mas parei por aí, estacionei.

Numa tarde tediosa qualquer estava passeando pelo orkut, mais especificamente numa ótima comunidade pra downloads de discos de boa qualidade, e vi um post sobre uma banda chamada The Cinematic Orchestra. Nome legal esse, "orquestra cinematográfica". Baixei outros álbuns primeiro até pegá-lo, demorei dois dias pra descompactar e ouvir. Fiquei encafifada com a descrição: Esse dá pra ouvir enquanto, por exemplo, se escreve ou namora. A beleza melancólica às vezes resvala em deprê repetitiva, chafurdando águas tristes (nade pelas beiradas ― as primeiras e últimas faixas são as melhores. Não vá muito para o meio, há risco de afogamento por tédio).


Ouvi. Tive um baque logo com a primeira música do álbum*: certamente era uma das mais bonitas que já ouvi. E a próxima também era, e a outra, a outra, a outra. Afogar é o baralho, boiei satisfeita em meio àquela melancolia toda. Baixei outros álbuns e aimeodeos-como-fas-quero-td. É uma tristeza que te conforta, em vez de cavar a sua fossa.

Voltei a ser admiradora do jazz, mesmo que em meio ao eletrônico. E vou te dizer: foi umas das melhores descobertas dos últimos tempos.

* trecho da música:
The Cinematic OrchestraTo Build A Home



 
Joyde G. M.
12/08/1984
Bióloga


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