quarta-feira, 22 de agosto de 2007
encruzilhada
Lá pela 6ª série (não lembro exatamente) entraram vários alunos novos na minha sala, dentre eles a Maricota*. Mudança de escola sempre é difícil, mas tenho certeza de que para ela foi bem pior que para a maioria.
Maricota era magrela e de altura mediana. Tinha o cabelo escuro e armado ao extremo, do tipo que até mesmo preso fica estufado. Usava aparelho fixo e um móvel, daqueles de capacete. Se não me engano usava óculos. Visualizem.
Visualizaram? Agora imaginem o quanto ela era zuada humilhada por isso. Abertamente, diariamente, na cara, por todo mundo.
Numa volta de férias qualquer, Maricota apareceu repaginada. Os cabelos crespos estavam arrumados em cachos grossos e bonitos, os óculos desapareceram junto ao aparelho-capacete-móvel, aproveitou sua magreza em benefício próprio com micro-shorts e blusinhas justas. A meninada foi ao delírio. De monstrinho passou a menina disputada.
Apesar de certo recalque meu (ela fisgou o mocinho por quem eu era apaixonada), a admirei profundamente por ter mantido a dignidade e ter se dado a chance de mudar pra melhor. Afinal, eu também era zuada na escola; não apenas pela aparência (felizmente era um pouco mais apreciável), mas também pelo "jeito". Eu era a nerd, a brega, a esquisita, a menina de quem só se aproximavam pra fazer trabalhos e tirar boas notas, etc.
A diferença entre nós duas é que ela mudou radicalmente e eu não (hmm, espero não continuar brega HAHA). Mas e se eu também tivesse mudado, seria mais feliz? Estaria melhor hoje?
Não que eu perca noites de sono com isso.
* obviamente o nome dela não é Maricota; o problema é que é tão incomum quanto Joyde, seria fácil identificá-la em orkuts da vida. e não é esse meu objetivo.
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