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sábado, 1 de setembro de 2007
o ateneu - pt. 2
Apesar do meu desapontamento, consegui um estágio legal fora da universidade no 2º ano. Durou pouco e quase não vimos resultados em relação à quantidade de coisas que planejamos, mas valeu muito a pena. Preferi me manter fiel ao que acreditava e nunca trabalhei em laboratórios, o que me rendeu alguns problemas de currículo mais pra frente. Sem arrependimentos.

Então a questão que surgiu foi: já que sou assim, o que fazer de mestrado?

Meu TCC foi o que mais me rendeu satisfação "intelectual" durante toda a minha vida. Resumidamente, mapeei e fotografei os impactos antrópicos (lixo, trilhas, etc) de uma unidade de conservação esquecida no meio da cidade e entrevistei os moradores do entorno pra avaliar as percepções e sentimentos deles em relação ao parque. Tudo isso em aproximadamente um mês, no sufoco, porque sou uma procrastinadora crônica de carteirinha. Os resultados foram ótimos, e no dia da defesa ouvi da minha orientadora que sou uma bióloga fronteiriça. Exatamente!

A princípio pensei em Ecologia Humana, a qual avalia as relações do homem com o ambiente e é bem "biologista". Bonito até, mas não existe um mestrado sequer disso, apenas raras linhas de pesquisa em mestrados de Ecologia pura. Pensei em investir nisso, até descobrir mestrados em Ciências Ambientais no começo deste ano. Multidisciplinares (biologia, psicologia, matemática, antropologia) e com conceitos ótimos na USP e UNESC. Linha de pesquisa que sorriu pra mim: psicologia ambiental.

MEODEOS, gozei oceanos quando comecei a ler textos a respeito. É isso, é isso que eu quero. Uma ciência que está saindo das fraldas, que tem espaço para novas idéias, na qual não é preciso ser um Darwin pra poder contribuir com algo. Não é tão restrita e exata quanto as biológicas, ou tão cheia de leis universais e fórmulas; há apenas princípios e linhas de pensamento. E o mais importante: é algo que mexe comigo, que me estimula. Uma extensão mais aprofundada do meu TCC.

Trabalhando com psicologia ambiental não teria preocupações quanto ao que não gostava na faculdade. MAS (e sempre tem um mas), há um problema de que nunca vou me ver livre: a academia.

A academia - de qualquer curso, em qualquer área - costuma ser nojenta. Um microcosmo do que vemos na nossa vida cotidiana, recheado de intelectualóides, inveja, hierarquias idiotas, troca de favores, injustiças, manipulações. A prioridade não é fazer um bom trabalho que tenha retorno à comunidade (o tal do princípio das universidades), mas satisfazer egos. Essa realidade me deixa tão enojada, tão indignada, que às vezes penso em virar hippie desistir e fazer outra coisa.

Conversando com meu pai e madrasta esses dias, soube que há uma teoria sobre isso, de um tal de Thomaz Kuhn. Segundo ele, "cientistas muitas vezes agem como se estivessem mais interessados em impedir o progresso científico do que em promovê-lo". E também que " o cientista normal é um homem que busca provar a si mesmo e aos colegas de profissão, ser um perito na resolução de um quebra-cabeça (...). A sua atividade consistiria em alcançar o antecipado de uma nova maneira". E tal, não vou ficar me alongando muito nisso. Quem tiver interesse, pode ler mais aqui.

* suspiro *

É, o panorama não parece muito bom por um lado. Mas vou dar uma de mulherzinha ingênua e pensar que comigo vai ser diferente. É melhor assim.


oi?



 
Joyde G. M.
12/08/1984
Bióloga


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